27/09/2021

Cívico-militar: modelo de senso comum

Por: Jonas J. Berra


           Sem um estudo profundo das necessidades da educação do Estado do Paraná, implantaram um projeto caracterizado pelo fracasso desde sua base de criação. Faltou experiência, diálogo e sensibilidade do governo neoliberal privatista para perceber que os verdadeiros problemas da educação são sociais: a desigualdade, a pobreza, a falta de investimento, de projeto com metas e avaliação de resultados. Os governantes tratam a educação como palanque eleitoral, improvisando formas de convencer que "acertaram". Dados são maquiados, professoras são submetidas a tortura mental e assédio moral. 

Os erros do processo são imensos. Veja a lista abaixo: 

- Fizeram uma votação às pressas em plena pandemia (não precisavam de quórum). 
- Investiram mais dinheiro do que era investido nas escolas anteriormente. 
- Um ano depois apenas 1 de cada 3 escolas mantiveram o modelo.
- Militares despreparados em algumas escolas cometeram erros gravíssimos como o assédio de estudantes e agressões. 
- O modelo prega flexibilidade no início, enquanto é implantado, para convencer, até todos aceitarem. E depois se der errado foi erro do gestor civil, se der certo foi graças ao governo. 
- Não é um modelo de consciência, mas de doutrinação ideológica dos corpos, substituindo à chamada doutrinação ideológica de esquerda, que nunca existiu nas escolas. 
- Para implantar 6 aulas por manhã não havia necessidade de chamar de "novo modelo educacional", mas apenas aumentar a carga horária já existente. 
- Reduziram de 2 para apenas 1 aula por semana as disciplinas humanísticas de Filosofia, Artes e Sociologia, dando a entender que somente Português e Matemática são importantes. 
- Usam índices e ranks montados como padrão de melhoria das escolas, criando uma corrida de competitividade psicologicamente doentia entre os gestores das escolas, que buscam gratificações. 
- Os maiores educadores do Brasil não apoiam o regime cívico-militar e o tratam reiteradas vezes como uma imposição de senso comum ou falta de estudos. 
- Se tornou um atalho para resolver problemas que possuem origens mais profundas na desigualdade, injustiça, pobreza e falta de estrutura familiar. 
- Para o filho do pobre polícia armada. Para o filho do rico colégios particulares equipados.  

            Cabe a pergunta: em qual país desenvolvido do mundo a educação é baseada nesse regime cívico-militar e deu certo? Ninguém sabe.