Por: Andrej Carraro
O
foco desse texto não é discutir as atitudes de policiais se estão certas ou
erradas, não é discutir o fim da polícia e nem dizer que devemos deixar os
“bandidos em paz, pois são vítimas da sociedade”. O que deveríamos entender é
que no Brasil, se venera policiais, mas se esquece das políticas de combate à criminalidade,
odeiam os bandidos ou qualquer suspeito (mesmo sendo ainda suspeito) e esquecem
que não é apenas apoiando policiais que estaremos combatendo o crime,
precisamos saber o que fazer para combatê-lo de uma maneira mais inteligente.
Os
índices de criminalidade e violência no Brasil são altos e o crescimento da
população carcerária anual é assustador. O que colabora com isso é o número de
presos por tráfico de drogas, sendo que em 2014 cerca de 67,7% dos presos por
tráfico de maconha tinham menos de 100 gramas, ou seja, baixa quantidade da
droga que mais se caracteriza para consumo próprio. Enquanto vemos o
preconceito por uma parte de civis e por uma parte de policiais em relação à
maconha, o álcool continua matando muito mais, sendo considerada por alguns
estudos 144 vezes mais letal que a maconha.![]() |
| Prisão holandesa. |
Isso
geraria estranheza por aqui, pois veriam como “tratamento vip para bandidos”.
Mas a questão é: até quando vamos tratar detentos como lixo, jogá-lo numa cela
sem se importar com a superlotação em um presídio fedorento e insalubre? Essa
maneira de tratar pessoas já vem se mostrando um verdadeiro fracasso por muito
tempo. A vontade de punir é maior que a de resolver os problemas. Tratar
detentos como escórias é uma maneira de torná-los mais agressivos e as chances
de reincidências aumentam em um sistema prisional que coloca na mesma cela um
grande criminoso com um preso por pequeno delito, além de ser um sistema
estressante e desumano, se torna uma escola do crime, lembrando que cerca de
40% dos presos no Brasil nem sequer foram condenados, mas estão presos.
O
Brasil precisa, com urgência, tratar desse assunto. Trata-se de segurança
pública, uma medida que poderia resultar numa melhora do sistema prisional
brasileiro e até mesmo funcionar no combate ao crime, uma vez que estaríamos
cuidando melhor de quem estamos colocando na cadeia e cada crime ser tratado de
forma específica, acabando de vez com as “escolas do crime” nas cadeias e o teu
amigo que fuma “unzinho” todo dia, mas trabalha e nunca fez nada de mal à
ninguém pode ficar tranquilo que não será preso por portar 50 gramas de maconha
e ser colocado junto com um traficante que comanda uma facção inteira de uma
cela.
Concluindo,
a solução vai muito além de apoio aos policiais e entendemos que é sim
importante esse apoio, mas os problemas não serão resolvidos apenas com punição
e devemos, sim, repudiar os abusos de autoridade, como também devemos nos preocupar, sim, com essa cultura de venerar policiais.
Referências:
Referências:
67,7%
dos presos por tráfico de maconha tinham menos de 100 gramas da droga.
Disponível em: <https://ultimosegundo.ig.com.br>. Acesso em 28/11/2018.
Álcool é 144 vezes mais
letal que a maconha, segundo pesquisas. Disponível em: <https://oglobo.globo.com>.
Acesso em 28/11/2018.
Holanda
enfrenta ‘crise penitenciária’; sobram celas, faltam condenados. Disponível em
<https://www.bbc.com>. Acesso em: 28/11/2018.
Por
falta de presos, Holanda fecha 24 prisões. Disponível em:
<https://super.abril.com.br>. Acesso em: 28/11/2018.
Suécia
e Holanda fecham prisões. Brasil fecha escolas e abre presídios. Disponível em:
<https://professorlfg.jusbrasil.com.br>. Acesso em: 28/11/2018.



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